VISITA DE ESTADO D'UM CRIMINOSO

Na primeira foto vemos o criminoso José Eduardo dos Santos, auto denominado Presidente da Républica de Angola onde é Ditador há trinta anos, a ser recebido à saida do avião em Lisboa com todas as honras pelo Governo Português.

Tal como eu, José Eduardo nasceu em Luanda seis anos antes de mim. Estudou no mesmo estabelecimento de ensino do que eu, o Liceu Nacional Salvador Correia em Luanda. Teve um Bilhete de Identidade de cidadão português igual ao meu onde não havia certamente nenhuma referencia à diferença da nossa cor de pele.

De 1970 a 1973, operou na Frente Norte (Cabinda), na 2º Região Militar do MPLA, enquanto no mesmo periodo eu, como Oficial do Exército Português ( foto do meio ), operei também em Cabinda no Batalhão de Caçadores nº 11, conhecido como os Gorilas do Maiombo. Se não nos cruzamos numa das curvas das picadas da mata ou numa eventual embuscada, devemos ter andado muito perto. Eu combatia por aquilo que acreditava então ser a defesa do Solo Pátrio, personificado naquilo que Salazar chamou de Provincias Ultramarinas e que nós eramos obrigados a defender sobe pena de termos que fugir para o estrangeiro como cobardes. José Eduardo certamente combatia por Angola, que acreditava ser a sua nova Nação, com direito à Auto-determinação.

Depois da Declaração da Independencia unilateral em 11 de Novembro de 1975 pelo MPLA, Movimento Popular para a Libertação de Angola, sobe a Presidencia do médico Dr. Agostinho Neto, José Eduardo foi nomeado Ministro das Relações Exteriores do novo País. Entretanto em igual periodo eu, que já servira o Exército Português, aderi à FNLA,Frente Nacional de Libertação de Angola, sobe a Presidencia de Holden Roberto, e fui nomeado Comissário Politico enviado para o Brasil numa vã tentativa de impedir o reconhecimento daquele novo País fantoche da União Sovietica, precisamente o oposto do trabalho que José Eduardo andava certamente a fazer.

Até aqui são caminhos cruzados que só dignificam a imagem de cada um dos personagens, que nasceram e viveram na mesma Luanda dos anos 60/70 ( última foto).

Daqui para a frente os destinos de cada um tomam rumos diametralmente opostos.

Eu afastei-me completamente da politica, portuguêsa ou angolana,e recomecei a minha vida profissional no Brasil, onde através de uma vida atribulada e aventurosa conquistei tudo o que tenho e que me permite hoje ter uma velhice tranquila.

José Eduardo dos Santos optou também por uma vida igualmente atribulada e aventurosa que o levou por morte de Agostinho Neto, em 20 de Setembro de 1979 à Presidencia do MPLA e consequentemente a transformar-se no 2º e último Presidente da Républica Popular de Angola.

Decorreram entretanto 30 anos, onde sobe a desculpa de uma Guerra Civil contra o General Savimbi da UNITA, foram cometidas as maiores atrucidades num autêntico genocidio que dizimou quase metade da população daquela ex-colónia portuguesa. Governando com punho de ferro, aniquilando sistematicamente os seus opositores, José Eduardo roubou o Povo angolano de maneiras inimaginaveis ao ponto de hoje ter concentrado na sua familia, mulher e filha, a propriedade das principais riquezas de Angola, como os diamantes da Empresa Diamangue e o petroleo da Empresa Petrangol. A sua fortuna,construida em cima dos cadaveres de quem se lhe opunha, e cimentada com o sangue, fome e miséria do enxame de miseraveis que abandonaram os campos devastados pela guerra para depois se virem amontuar nos gigantescos Moçeques de Luanda que já chegam até à Barra do Cuanza, faz dele um dos homens mais ricos do Mundo.

Comparando este Ditador com o outro Ditador africano Robert Mugabe, que também "manda e desmanda" num banho de sangue no seu País, o Zimbábue, verificamos que a Comunidade Internacional nomeadamente a Inglaterra, antigo País colonizador, tem muita dificuldade em aceita-lo e recebe-lo como Chefe de Estado. Ao que parece, em Portugal, os interesses economicos subrepõem-se aos da decência moral e o criminoso José Eduardo dos Santos é recebido em Portugal com passadeira vermelha, guarda de honra e tudo. Coisas!