sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

VELHOS SÃO OS TRAPOS


Hoje estive num lugar onde encontrei pessoas que não via há 40 anos. Dei por mim a observar e a tentar identificar aqueles seres gordos,de cabelos brancos,com os rostos vincados pelas rugas e pele flácida, com as imagens que deles guardadva do tempo da juventude. A única coisa que não mudou foi a intensidade do olhar e a expressão do rosto o que me permitio identificar alguns deles,embora com alguma dificuldade.
- Mas que velhos que eles estão! - Comentei eu com a minha companheira. No olhar dela apercebi-me que eu próprio também estava comos eles. O tempo passou para todos. A juventude foi-se e as agruras da vida deixaram marcas indesfarçaveis. As grandes entradas e os cabelos brancos são os primeiros sinais de alerta. A "barriga da prosperidade" e as costas abauladas não deixam mais duvidas. O corpo envelheceu e na maioria dos casos mais do que o espirito,que se recusa a aceitar esta inivitabilidade da vida.
Desde o dia em que nascemos começamos imediatamente a envelhecer numa incontornavel metamorfose celular que em obediencia à herança genética do código do nosso ADN, as celulas vão morrendo e renascendo numa substituição continua, em que cada vez vão sendo criados tecidos menos jovens até ao completo envelhecimento dos mesmos.
Teóricamente as celulas do tecido cerebral, (os já tão falados neurónios),também deviam envelhecer na mesma proporção do que o resto do corpo. O problema é que na realidade assim não acontece,pois salvo situações de AVCs ou doenças degenerativas precoces,os neurónios mantêem-se praticamente 100% activos até à sinilidade,o que ocorre geralmente só numa idade muito avançada.
A memória,esse depósito inesgotavel de recordações,boas e más, mantem-se intacta acabando por se transformar no substituitivo da vida e da ação que foi ficando para trás. Recordar é viver! -dizem - E é bem verdade pois as lembranças invadem-nos o espirito e os sonhos, fazendo desfilar diante de nós um rol de situações e pessoas que há muito deixaram de existir. Foi assim que me senti hoje,só que não estava nem a sonhar nem a recordar. Antes pelo contrário,estava acordado e a ver desfilar seres do meu passado,bem vivos e activos, apenas mais velhos do que eu os recordava.
As voltas da vida foram-nos separando em caminhos diversos, mas cada um de nós trilhou o seu e continua bem vivo a tentar levar até ao fim o que ainda nos resta de sonhos,esperança e futuro.
VELHOS SÃO OS TRAPOS...

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