sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

REVOLUCIONÁRIA OBESA


Hoje estava a vêr um programa de televisão na SIC Mulher àcerca da obesidade. Como entrevistadas estavam uma ex-obesa a falar do lançamento do seu livro sobre este tema e a já tão nossa conhecida de várias aparições televisivas anteriores, a Professora Doutora Isabel do Carmo, uma das maiores especialistas desta area em Portugal, autora de vários livros publicados sobre a temática da obesidade,o nutricionismo e como emagrecer miracolosamente.
Quem na altura estivesse como eu a assistir ao programa, certamente achou estranho que aquela mulher de corpo volumoso e obeso,tenha tanto a dizer aos outros sobre a temática do emagrecimento e não consiga fazer nada pelo seu próprio corpo. Mas que a Senhora deve ser boa no que faz certamente não haverá duvidas, se não, não estaria constantemente a aparecer na televisão a falar-nos sobre nutricionismo.
O mais curioso é que somente muito poucas pessoas das que estiveram assistir se devem lembrar,ou associar esta personalidade respeitavel da medicina, com a imagem que guardamos dela dos tempos do PREC "Processo Revolucionário em Curso" quando era figura frequente das primeiras páginas dos jornais e abertura de noticiarios, como a "Passionária" portuguesa ou a Che Guevara no feminino.
A revolucionária Isabel do Carmo,foi fundadora em 1973 do PRP-BR ( Partido Revolucionário do Proletariado-Brigadas Revolucionárias), que desde a sua fundação defendia o recurso ao terrorismo da luta armada para libertar o povo da opressão fascista. Isabel do Carmo foi reconhecida internacionalmente ao mesmo nivel de outras Terroristas famosas internacionais tais como Frau Meinhof do grupo Baader Meinhof na Alemanha e Margherita Cagol das Brigadas Vermelhas ( Brigate Rosse) em Itália, que nos anos 70 aterrorizaram as Sociedades Burguesas com os seus atentados á bomba, homicidios a sangue frio e desvios de aviões.
Todos estes grupos terroristas tiveram invariavelmente o mesmo desfecho com a prisão dos seus membros que os atirou para a cadeia ou para o suicidio, pondo termo definitivamente a um periodo de terror. O destino da nossa Revolucionária não podia ter sido diferente e um dia a sua prisão fez manchete em todas as primeiras páginas de jornais.
O PREC acabou , e com ele desapareceram as nossas versões domésticas de terrorismo á portuguesa,quer se tratasse das Brigadas Revolucionárias de Isabel do Carmo ou das Brigadas 25 de Abril de Otelo Saraiva de Carvalho. Estes nomes foram-se esfumando no tempo em pequenas noticias de roda pé que iam dando conhecimento dos interminaveis processos judiciais em curso que, como não puderia deixar de ser, acabaram todos em águas de bacalhau.
Bacalhau e outros petiscos devem ter sido os novos interesses da nossa Revolucionária, que a levaram a trocar as bombas pelo nutricionismo, e a elegante figura do seu corpo jovem e esguio de outrora pelo o corpo obeso e balofo da matrona que presentemente entra pelas nossas casas a dentro através dos programas femininos de televisão.
É a ironia da história em que as nossas refencias revolucionárias do passado acabam por se transformar em referencias burguesas a combater na actualidade!

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