sábado, 21 de fevereiro de 2009

MORREU O PAI DO TODO-O-TERRENO

HOJE MORREU DE DOENÇA PROLONGADA O MEU GRANDE AMIGO DE HÁ 40 ANOS JOSÉ MEGRE. AQUI FICA A MINHA HOMENAGEM:
-" Foi no Mini Moke que fiz a minha primeira expedição no Sul e no Centro de Angola, País que me fascinou completamente e que foi a minha introdução violenta a África. Tinha combinado encontrar-me com mais de uma dezena de proprietários de outros Moke, no Dondo, a 180 kms de Luanda, mas só aparecemos dois, o Carlos Paço d'Arcos e eu.
Arrancamos no meu carro,que tinha duas espingardas G3 montadas, em suporte de Unimog nos guarda-lamas...
Fomos de Luanda a Nova Lisboa,hoje Huambo e depois a Sá da Bandeira, Moçâmedes,Porto Alexandre e Baía dos Tigres, esta parte pela praia. No regresso a Luanda,passamos por Novo Redondo,Benguela,Lobito,Gabela e ainda fomos às cataratas do Duque de Bragança, próximo de Malange. A maioria destas cidades mudou de nome, últimamente.
No Sul, vi pela primeira vez um deserto, o Namibe,com a sua Welwitia Mirabilis,planta carnívora,dentro da qual tirei uma fotografia. Só 23 anos mais tarde voltaria àquele que foi o meu primeiro deserto,quando ali passei com o rali Paris-Cidade do Cabo. Parei a meio do troço cronometrado para comemorar a efeméride. Foi como se tivesse posto o conta quilometros a zeros." ( in pág. 127 do livro 30 ANOS DE AVENTURA de José Megre).

- " E agora sim, vou falar do meu grande amigo e aventureiro, primeiro companheiro de viagens, José Megre. O hoje famoso José Megre, o primeiro português a fazer o Paris-Dakar, grande piloto que organiza constantemente viagens de Jeeps por esse Mundo fora, desde a Patagónia até às estepes geladas da Sibéria,até aos altos picos do Tibete, do Nepal,do Butão,sempre no topo do Mundo, nos Himaláias e no Evereste. " Isto é quase como um sinal de retribuição a ele,Megre, que na publicação do seu primeiro livro de aventuras - Por sinal uma obra-prima com fotos coloridas de todas as partes do Mundo - atribui a responsabilidade da sua primeira aventura pelo deserto do Kalahari à viagem que fez comigo, chegando mesmo a publicar uma foto de nós os dois, algures sentados no Mini Moke.
Estás a ver, Zé? Acusaste-me de, no outro livro que escrevi sobre metade da minha vida, o Xadêz do Poder,que entre as muitas peripécias de que falei me esquecera de ti. Agora,não me esqueci. Está aqui para que toda a gente saiba que eu fui o teu primeiro companheiro de viagem e tu foste o meu mestre e professor nessas viagens e nessas aventuras, que transformaram a minha vida,pelo facto de seres mais velho do que eu, mais maduro e teres acabado de sair de uma guerra como oficial dos Comandos." ( in pág.63/64 do livro de Memórias de Carlos Paço d'Arcos, DA LEI DA MORTE LIBERTANDO).

-" E lá partimos,os dois,cabelo ao vento por essa estrada em direcção ao Sul de Angola, que nos levava como primeira etapa a Nova Lisboa,seguida da descida de Sá da Bandeira,até à cidade de Moçâmedes,pela perigosissíma picada da Tundavala,que desce a pique 800 metros de profundidade/altura do Planalto do Bié - até ao nivel do mar, onde finalmente chegamos a Moçâmedes, para a seguir entrarmos nas areias do deserto que percorremos de-lés-a-lés,até à Foz do Cunene,última fronteira angolana com o Sudoeste Africano,hoje Namibia.
Foi algo inesquecivel percorrer, no meio daquelas manadas de zebras, bois-cavalos, e todo o tipo de caça grossa,essas areias do deserto naquele «jipinho»,que parecia desfazer-se a qualquer momento.
Estava, finalmente na África profunda...!" (in pág. 66 do mesmo livro).

-"...Ou, até mesmo, as viagens fantásticas feitas com o Zé Megre até aos confins de Angola e pelas areias quentes do deserto do Kalahari onde, na linha do horizonte,o ar aquecido pelo sol tórrido cria miragens,fazendo nascer lagos imensos de água onde apenas existe areia amarelada e pedregulhos, alternando de quando em vez com canyons imensos e profundos,qual Grand Canyon nos Estados Unidos, colando com a savana,onde correm livremente manadas de toda a espécie de animais de caça, no meio das quais nós nos divertíamos a correr lado a lado,com o Jeep,para ter a sensação de liberdade e de perigo ao mesmo tempo." ( in pág.95/96 do mesmo livro).

- " Em Luanda, ainda tive a terceira e a quarta casa. A terceira foi com o Zé Megre, no Largo da Sagrada Familia,em frente à igreja do mesmo nome" (in pág. 300 do mesmo livro).

- MAIS PALAVRAS PARA QUÊ?! - PARA O ZÉ A ETERNA SAUDADE...

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