segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A saga do copo d'agua

Oi malta! Aqui estou eu outra vez conforme prometido terminadas as férias das férias no final do mês de Janeiro.- Mas hoje já é dia 2 de Fevereiro?! - Certamente questionarão vocês - O que aconteceu ao dia 1 ?
Têm toda a razão... o dia 1 foi realmente "apagado"da minha vida por culpa da"saga do copo d'agua".
O mal de passar férias em qualquer lugar é que no final temos que levar com o pincel da viagem de regresso. Por vezes esta viagem não é possivel fazê-la num único trajecto de avião, tendo que se fazer pelo menos uma escala num aeroporto numa qualquer outra cidade que nem sequer estava nos nossos planos iniciais, sobretudo quando se viaja por metade do preço numa companhia aerea como a TACV, que apesar de se arvorar como companhia aerea "de bandeira"daquele País ex colónia Portuguesa,só tem dois aviões de dimensão intercontinental. Um foi baptizado com o nome de IMIGRANTE e o outro com o original nome de B.LEZA.
Durante as nossas andanças aereas entre Lisboa e Brasil via Cabo Verde, acabamos por viajar em ambos os aviões e conhecer as suas tripulações. No regresso fomos confrontados com aquilo que eu acabei de chamar "a saga do copo d'agua".
Tudo começou quando chegamos a um desses aeroportos de escala para embarcarmos ao fim de duas horas no avião que nos levaria a Lisboa. O problema estava no avião que não estava lá. Espanto! O vôo fora cancelado por não ter passageiros suficientes e a companhia julgou-se no direito de o cancelar á ultima da hora sem sequer avisar os poucos passageiros que vinham de outras cidades para fazer a conexão com este. Mas á boa maneira tropical a companhia achou que bastava enviar estes passageiros para um hotel por sua conta em taxis especialmente fretados para o efeito e que os mesmos seriam obrigados a ali permanecer por 24 horas até ao vôo do dia seguinte que certamente já seria rentável pois acumularia os passageiros de ambos os vôos.- Que fazer?! Nada, para além de protestar de viva voz e aceitar conformado com a ausência de alternativas.
E foi assim que o dia 1 desapareceu da minha vida e deste blog,pois certamente não iria compartilhar com vocês os interminaveis minutos passados num hotel e numa cidade não escolhida por nós quando ansiavámos com o á muito programado regresso a Lisboa.
Finalmente o bagageiro bate á porta do quarto do hotel ,anunciando a chegada do táxi para o aeroporto e carregar as malas. No chek out solicitam-me a confirmar todas as despesas de alojamento e refeições para serem devidamente pagas pela companhia aerea. Confesso que a despesa não era nada pequena face aos preços daquela unidade hoteleira de 4 estrelas. Mas certamente ainda assim deveria ficar mais barata a companhia do que a despesa do combustivel do vôo cancelado,uma vez que ao todo não passavamos de uma dúzia de vitimas compulsivas. É então que acontece o primeiro acto da "saga do copo d'agua". Numa terra onde a água da torneira não pode ser bebida,sob pena de se contrair doenças tropicais como a colera e outras tais,não tivemos outra alternativa de beber durante aquele periodo água mineral que foi posta á nossa disposição sobe a forma de copos de plástico armeticamente fechados que se encontravam dentro do frigo bar do quarto. Por incrivel que possa parecer as ordens da companhia aerea que acabara de gastar uma pequena fortuna com a conta do hotel,obrigavam-nos a pagar os copos de água que fomos obrigados a beber. O preço não passava de um simbólico contra valor de € 3.00, mas mesmo assim eu recusei-me a pagar pois não aceitava ser obrigado a estar num cativeiro e ainda por cima ter que passar sede. Depois de muito discutir e de alguns telefonema para a TACV,que absurdamente reconfirmava as suas instruções de que não pagava a água bebida,lá tive que me render e pagar os famigerados €3.00, não sem antes exigir uma factura discriminada que me permite ter a devida prova para estar agora a escrever estas palavras.
O segundo acto desta saga acontece já dentro do avião ainda antes dele se fazer á pista. Tendo a minha mulher necessidade imperativa de tomar um comprimido á hora certa determinado pelo médico,solicitamos por três vezes ao pessoal de cabine,um copo de água,tendo cada um dos três garantido que o ia buscar imediatamente. O tempo passava,as torbinas roncavam e a água não chegava. Aflita a minha mulher levantou-se e dirigiu-se á chefe de cabine para solicitar incarecidamente o tão indespensavel copo de água,acabando por ser escurrassada para o lugar com a desculpa que não podia estar em pé enquanto o sinal de "apertar cintos" não se apaga-se.
Passei-me dos carretos! Levantei-me e com a minha voz forte e firme gritei exigindo um copo d'agua.- Milagre! O copo d'agua apareceu em dois segndos pela mão da ex arrogante chefe de cabine. O comprimido foi tomado,o avião começou a mover-se,as torbinas roncaram com mais força e fomos projetados para o ar.
Chegamos finalmente ao último acto da "saga do copo d'água". Antes do grito ninguém nos ouvia num desfilar frenético de arrogância emprestada pela autoridade dos uniformes,envergados por alguém que sem eles certamente é invisivel...Depois do grito foi um desfilar solicito de cortesias e desculpas...
Que tragédia! Trinta e três anos se passaram desde a independencia do jugo colonial. Bastou um copo de água e um grito para varrer três décadas de conquista da dignidade da pessoa humana. - SHIIM PATRÃO!!!!

Sem comentários:

Enviar um comentário