quarta-feira, 22 de abril de 2009

"LIBRETO DA OPERETA DO 25 DE ABRIL" PARTE 1

TODAS AS OPERAS OU OPERETAS TÊM UM "LIBRETO" ONDE É CONTADA A HISTÓRIA QUE É ENCENADA NO PALCO, PARA MELHOR COMPREENSÃO DA MESMA. NOS ÚLTIMOS DOIS DIAS TENHO CONTADO EPISÓDIOS CÓMICOS DESTA OPERETA ESQUECENDO-ME QUE VOCÊS AINDA NÃO TÊM O RESPECTIVO LIBRETO E TAMBÉM NÃO CONHECEM A HISTÓRIA POR JÁ TER MAIS DE TRÊS DÉCADAS.
ENTÃO AQUI VAI ELE:
Nos primeiros meses de 1974 um grupo de cerca de 200 Capitães do Quadro permanente das Forças Armadas Portuguesas iniciaram uma acção de protesto junto do Governo de Marcelo Caetano, ( herdeiro de Salazar) reinvidicando melhores condições salariais e sociais que os distinguissem dos Capitães Milicianos, que por necessidades da guerra eram formados em apenas 9 meses do CPC ( curso para Capitães), enquanto aqueles demoravam 5 anos na Academia Militar, e ganhavam o mesmo que estes.
Organizaram-se então no movimento pseudo sindicalista a que chamaram Movimento das Forças Armadas (MFA), que se reuniram em 2 ou 3 reuniões plenárias sob a vigilância da sinistra policia fascista ( PIDE/DGS),e nomearam uma Comissão Coordenadora para dialogar pacificamente com o Governo. A reação do Ministro da Defesa face a esta tentativa pacifica de dialogo foi mandar prender todos os membros da referida Comissão e desterra-los para as Ilhas mantendo em prisão efectiva o porta voz, Major Vasco Lourenço, (então conhecido como «é-pá demelena e pá»por utilizar constantemente esta expressão enquanto ajeitava a franginha na testa). Hoje é o conhecido Coronel Vasco Lourenço, Presidente da Associação 25 de Abril, que no lugar da "melena" ostenta agora uma brilhante careca em todas as comemorações alusivas à data.
Obviamente a reacção dos 200 Capitães foi de revolta total e partiram de uma acção reindivicativa trabalhista para aquilo que se transformou num Golpe de Estado armado. Foi nomeado então o Major Otelo Saraiva de Carvalho para organizar os planos para a movimentação de tropas e foram feitas tentativas de aliciar para a causa os Generais Costa Gomes e Spinola, então chefe e sub-chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, respectivamente, que não se quiseram comprometer com aquilo que chamavam de uma perigosa aventura.
Depois de uma tentativa falhada em 16 de Março onde as tropas revoltosas foram detidas na Rotunda do Relógio junto ao Aeroporto de Lisboa, pelas forças da PIDE e da GNR, que estavam devidamente informadas da data do Golpe, o MFA decidiu não marcar uma nova data mas sim um dia incerto do mês de Abril que seria assinalado na rádio com a passagem de duas músicas proibidas na época, "o depois do adeus" de Paulo de Carvalho e "grândola vila morena" de Zeca Afonso. Ao ouvirem estas músicas de código as tropas revoltadas marchariam então sob Lisboa, apanhando desprevenidos tanto o Governo como a PIDE. Na madrugada do dia 25 o Rádio Clube Português foi ocupado por um pequeno grupo de oficiais e começou a transmitir um Comunicado em nome do MFA alternadamente com músicas militares.
O Capitão de Cavalaria Salgueiro Maia com as suas Chaimites e com um grupo de recrutas da Escola Prática de Cavalaria, marchou sobre Lisboa ocupando o Terreiro do Paço, onde aumentou o seu poder bélico com a adesão de uma força de tanques que o Governo enviara contra ele, mas que aderiram de imediato ao Golpe, subindo em seguida em direcção ao Largo do Carmo, junto ao Chiado, afim de cercarem o Quartel do Carmo da GNR onde o Chefe do Governo Marcelo Caetano se refugiara com parte dos seus Ministros.
Estes movimentos militares foram coordenados apartir do Quartel da Pontinha, onde sob o nome de Comando OSCAR, os Majores Otelo, Victor Alves e Melo Antunes, com os demais membros da Comissão Coordenadora, planearam e comandaram o Golpe de Estado.
A SEGUNDA PARTE DESTE LIBRETO SERÁ CONTADA BREVEMENTE.

1 comentário:

  1. Parabéns! o seu lado sério mesclado com o seu lado "palhaço, anarca, e outros adjectivos semelhantes" que vc mesmo se autodomina são os ingredientes qb para os aeus seguidores, sobretudo os mais jovens, se manterem fiéis ao seu blogue e aos seus objectivos ao criá-lo. Continue.

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