sexta-feira, 24 de abril de 2009

"LIBRETO DA OPERETA DO 25 DE ABRIL" 3ª E ÚLTIMA PARTE

Spínola rápidamente passa de Presidente da Junta de Salvação Nacional a Presidente da Republica, nomeado e não eleito. Instala o seu Quartel General no palacete da Cova da Moura ali ao lado do hospital da CUF da Infante Santo. Amontoados todos os outros Oficiais tentavam também ali instalar-se. De um lado os Spínolistas que incluiam de Majores a Coroneis. Do outro os MFA's, nomeadamente a sua Comissão Coordenadora, que não só discurdavam do Presidente que lhes fora imposto pelos acontecimentos, como também aguardavam a oportunidade de o substituir pelo Presidente da sua perdileção, o General Costa Gomes.
As divergências entre estes dois grupos fizeram-se sentir desde a primeira hora ainda no Quartel da Pontinha, ou até mesmo no Largo do Carmo, quando um General que em nada tinha contribuído para o Golpe de Estado, num só golpe destituiu das suas funções o Herói da Revolução Capitão Salgueiro Maia, pondo no comando das suas tropas um Oficial mais graduado mas da sua confiança pessoal.
Esta divergência não se resumia somente à incompatibilidade dos Oficiais do MFA com o autoritarismo do Presidente Spínola e seus apaniguados. Havia também uma forte divergência IDEOLÓGICA, pois a maioria dos Oficiais do MFA estavam muito perto da ideologia do PCP (Partido Comunista Português) liderado incontestavelmente pelo aguerrido e dinamico Álvaro Cunhal. Os Spínolistas professavam uma ideologia mais moderada, assim um pouco como o Socialismo do PS (Partido Socialista), de hoje, que na altura contava com a liderança forte de Mário Soares. A direita praticamente não era admissível, embora Sá Carneiro e Freitas do Amaral já começavam a esbuçar a formação dos partidos que vieram a fundar,respectivamente o PPD (Partido Popular Democrático, hoje PSD) e o CDS (Centro Democrático Social, hoje PP).
A Cova da Moura mais parecia o Santuário da Nossa Senhora dos Aflitos e dos Hipócritas, tal era a rumaria de cidadãos que todos os dias faziam bicha à porta para seram recebidos pelos Oficiais da sua ideologia, quer para pedirem favores e benesses ou oferecerem-se como voluntários, quer para hipocritamente com o rabinho entre as suas pernas de ex-capitalistas ou governantes fazerem a sua PROFISSÃO DE FÉ de que estavam com a Revolução.
Mas a verdadeira Revolução estava mas é na rua, depois da Grande Farra que foi o 1º de Maio (dia do trabalhador), que juntou mais de 1 milhão de pessoas na Alameda Afonso Henriques, onde o Povo abraçado com soldados e marinheiros, de punho fechado no ar, aclamaram o mito acabado de regressar de Moscovo, Dr. Álvaro Cunhal, gritando que "O POVO UNIDO JÁ MAIS SERÁ VENCIDO".
Spínola não chega a aquecer o lugar na Presidência da Republica, pois em 28 de Setembro depois de ter feito um apelo desesperado a uma MAIORIA SILENCIOSA para lhe dar apoio para declarar o Estado de Sitio que lhe permitisse governar com a força das armas, acaba por se demitir sendo substituído pelo novo Presidente da Republica nomeado General Costa Gomes. Durante o seu curto reinado Spínola tentou primeiro governar através do Primeiro Ministro por ele empossado, o ilustre advogado Dr. Palma Carlos que se demitiu em menos de um mês por não conseguir manter a ordem nem no País, nem no Governo que ele próprio formara onde tinha como Ministros sem pasta os lideres partidários anteriormente referidos e os militares mais afectos ao MFA. Spínola é obrigado pelo MFA a nomear como novo Primeiro Ministro um obscuro Coronel de engenharia, imediatamente promovido, o General Vasco Gonçalves, que há frente do mesmo Governo de maioria comunista iniciou uma politica de DESGOVERNAÇÃO, que tinha como objectivo destruir o País para depois reconstrui-lo com base numa eventual Republica Soviética Socialista, encravada no coração da Europa.
Foi o denominado PREC "Processo Revolucionário em Curso" ou "Verão Quente" ou ainda "GONÇALVISMO",em que aos gritos de "AVANTE CAMARADA VASCO", a multidão de activistas comunistas, face à impassividade da dita Maioria Silenciosa que fora impedida de entrar em Lisboa para se manifestar por piquetes organizados pelos sindicatos, "andou com o diabo à solta", fazendo e desfazendo a seu belo prazer, com a ajuda do COPCON ( Comando Operacional do Continente), chefiado pelo seu Comandante o General travestido Otelo Saraiva de Carvalho, mandava prender quem quisesse por suspeitar serem da PIDE ou simplesmente fascistas, prisões estas apenas suportadas por ridiculos mandados de captura assinados em branco por Otelo com a acusação de pertencerem a uma Associação de Malfeitores.
Depressa a prisão de Caxias onde a antiga PIDE prendera os Comunistas no passado, voltou a ficar cheia só que desta vez de pseudo-fascistas que se amontoavam pelas celas, sem fazerem a minima ideia das razões porque foram presos.
Era a POLITICA DA TERRA QUEIMADA e do TERROR. Com estas prisões arbitrárias, de banqueiros, milionários e homens comuns pretendia-se instalar o pânico que levasse à FUGA EM MASSA para o BRASIL e ESPANHA de todos aqueles que não fossem comunistas.
A fuga de Spínola e a indefinição de Costa Gomes deu total liberdade de movimentos ao verdadeiro lider desta Revolução, que foi Álvaro Cunhal, que através do fantoche do seu Primeiro Ministro Vasco Gonçalves, cumpriu escrupulosamente os designios que trouxera de Moscovo para este pobre País. Uma nova Cuba, mas desta feita instalada não no calcanhar dos Estados Unidos mas sim no da Europa, era tudo o que a União Soviética necessitava para ganhar a GUERRA FRIA.
De uma só penada e assinando um só decreto,sobe proposta de Álvaro Cunhal, o Primeiro Ministro General Vasco Gonçalves assinou um decreto lei que NACIONALIZAVA, todos os Bancos, todas as Companhias de Seguros e todas as grandes Empresas, passando assim o Estado Comunista a ser detentor de todo o Capital do País. A Reforma Agrária com a consequente nacionalização da terra, transformando os lactifundios em UCP's ( Unidades Colectivas de Produção), o equivalente ás "comunas" Soviéticas, foi a cereja que veio coroar este delicioso BOLO COMUNISTA.
Mas o equilibrio da Guerra Fria não permitia que os Americanos aceitassem uma nova Cuba, pelo que houve secretas negociações entre o Embaixador Russo em Portugal Arnold Calinini e o seu homologo americano o Embaixador Frank Carlucci, que numa mega operação de xadrez negociaram que os americanos desistiam de Angola a favor dos Russos e estes desistiam de Portugal a favor dos Americanos, comprometendo-se para isso em acabar com o apoio incondicional financeiro ao Álvaro Cunhal e á Grande Farra que este transformara Portugal.
Como consequência aconteceu o 25 de Novembro. que veio acabar com a orgia comunista e instalar as bases para o Portugal Democrático de hoje.
Mário Soares convocou uma mega manifestação de mais de um milhão de pessoas que na Avenida da Liberdade exigiram alto e bom som a instauração da Democracia. O Coronel Jaime Neves, Comandante dos Comandos da Amadora, única tropa de élite que ainda mantinha a disciplina hiérarquica militar, enfrentou a TROPA FANDANGA em que se transformara o nosso Exército, com os soldados de barba por fazer e cabelos pelos ombros a Jurarem Bandeira de punho fechado, derrotando-os a todos de uma só penada e entregou o Poder ao General Ramalho Eanes. Este acabou por ser eleito democraticamente o primeiro Presidente de Republica Portuguesa e nomeou como Primeiro Ministro o vencedor das primeiras eleições democráticas em Portugal, o Dr. Mário Soares, que deu inicio ao novo processo democrático em liberdade que dura até hoje.
ASSIM ACABA O "LIBRETO" DA OPERETA DO 25 DE ABRIL, CORRIJO, NOVEMBRO, EM QUE FOI CONQUISTADA A LIBERDADE QUE VOCÊS TODOS HOJE GOZAM.
FIM

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