terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Solidão mata

Face a esta foto e a este título somos levados a associar instintivamente esta palavra solidão com a velhiçe e o respectivo abandono nos lares. Neste caso ninguém tem dúvida que ela mata mesmo quanto mais não seja encurtando a velhiçe.
Mas a solidão não é apenas uma tragédia que nos atinge a todos no final da nossa existência. Ao contrário do que muita gente pensa ela também faz as suas rasias no ceio da juventude." Que barbaridade acabaste de dizer?!"-Estarão certamente vocês a pensar. "Como é possivel sentir solidão alguém na flôr da juventude que teoricamente tem tudo para ser feliz ao longo de uma vida que ainda está para acontecer?"- Acrescentarão vocês. Tudo isto é verdade e ainda pudemos acrescentar que o apoio da familia,por si só seria impeditivo de que alguém se sinta só no seu ceio.
Pois é precisamente ai que está o buzilís da coisa. A familia que foi durante milénios a celula estrutural das sociedades,desde a idade da pedra até à revolução indústrial,foi-se desintegrando progressivamente até ao seu quase desaparecimento total.Os divórcios instituiram-se como algo normal e necessário. Os novos casamentos ou uniões de facto juntam à trouche-mouche dois desconhecidos que apenas pretendem deixar de estar sós. A maioria das vezes, em vez de estarem apaixonados estão simplesmente "apixonados".Os filhos são invariavelmente entregues pelo poder judicial à tutela das Mães, que apesar de muito os amarem não hesitam em meter na mesma casa que habitam as suas filhas e filhos, um estranho que com elas compartilha a cama. Não são raras as vezes que essa promiscuidade da intimidade leva ao surgimento de pensamentos,quiçá até mesmo situações pecaminosas,ao ponto de por vezes os pseudo-padrastos se transformarem em aliciadores das pseudo-enteadas.
Por sua vez os pais estão na maioria dos casos a tentar educar os filhos dos outros,no intervalo das visitas quinzenais em que os seus filhos de sangue fazem o frete de aturar aquele que acaba por se transformar num quase completo desconhecido. A figura paterna que deveria servir de referencia e exemplo na construção das suas jovens personalidades acaba por faltar por completo enquanto o carinho e o amor materno são por vezes disputados na guerra surda provocada pela invasão do espaço da intimidade.
A escola teria aqui tambem um papel a desempenhar,mas há muito que os professores já se demitiram desses relacionamentos afectivos que sempre houve entre alunos e professores,limitando-se estes ao simples papel de transmitir conhecimentos durante as aulas,ocupando o resto do tempo em ruidosas manifestações de rua,pleiteando por direitos já há muito concedidos pelo Governo.
Perante este quadro de miséria resta apenas ao jovem o encontro com outros jovens com problemas idênticos aos seus. Criam-se afectividades baseadas apenas na solidão que acabam invariavelmente por se auto destruirem por manifesta imaturidade dos intervenientes,uns refugiam-se dentro de si próprios num mutismo quase autista,isolando-se completamente do mundo. Outros julgam encontrar a solução na aleanação do alcool ou das drogas. Outros ainda acabam por se juntar a bandos de jovens desgarrados,que procuram substituir a ausência de afectividade pelo poder da violência. O que é certo que uns e outros um dia se encontrarão num beco sem saida onde deixa de ser paradoxal a hipótese de darem um passo para o vazio e o nada. A palavra suicidio começa a deixar de ser proibitiva e insinua-se sorrateiramente pela calada da noite onde as sombras e os pesadelos têm maior dimensão...
Como um romântico que sou acredito que há um antiduto para todos estes males,que é a palavra AMOR. O amor natural que lhes era devido por direito de nascença e lhes foi negado,acaba por ser encontrado pelos mais afortunados naquele sêr que lhes parece que se transformará numa companhia para a vida...
Como disse Vinicius:"que o amor seja eterno enquanto dura". Assim seja.

5 comentários:

  1. embora terrivelmente drástico e dramático, vc não deixa de emitir ainda uma Esperança para o terrivel mal da solidão que mata - o Amor. Concordo e gostaria que falasse um pouco mais da sua visão Dele e de como pode ser a solução para encontrar a Paz e a Felicidade, mesmo que possa por vezes ser uma solução que passa por saber viver uma solidão a dois-que não deve matar...Por favor fale mais sobre o assunto. fico à espera

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  2. Nunca esperei que logo no segundo dia deste blog surgisse a possibilidade de um diálogo directo pois isso foi à partida o meu principal objectivo.Falar mais sobre o Amor? que dizer á cerca dele?-uns dizem "que é uma cobiça que entra pelos olhos e sai pela piça".O outro dizia que "é chama que arde sem se vêr...". Eu digo que é a Força Vital da energia que comanda o Universo conjuntamente com todas as outras forças cósmicas que mantem o equelibrio esse imenso bailado de estrelas,cometas e corações.Solidão a dois!É o negativo que se transforma em positivo tal como o yin e yang da filosofia oriental que junta o 2 em 1 num todo que se completa interiormente.Haja respeito pela individualidade de cada um,em verdade e entrega total para se puder alcançar assim a felicidade a dois.

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  3. A solidão dos jovens...é um tema. A solidão a a dois é outro. A solidão entre muitos. Acima de tudo é o substantivo por excelencia do nosso mundo e da nossa era. Rima muito bem com ambição, sucesso, meios de comunicação, dinheiro. Mas tem tanto mais interesse quanto puder ser confessional. Pelo que gostaria de ler aqui, não artigos de opinião sobre "as solidões" mas rasgos profundos e ousados sobre "a solidão de cada um"...certa de que não começarei pela minha. Mas muito bem, está aberta a sessaõ de expurgo.

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  4. Poi é. Concordo com D'Arc.Sei que do alto das experiências que vc viveu, ao longo desses seus sessenta anos, muito terá para nos dizer sobre o assunto que a tds nós, de certa forma com maior ou menor intensidade, atinge. Fale-nos delas e ensine-nos como "sobreviver" na vida real a esses estágios de "dependência" sem sofrer para além do que é humanamente razoavel. Calculo que muito tenha para nos dizer=ensinar.Fico no aguardo

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  5. Carlos,falar de AMOR esse sentimento que tem tantas vertentes,de que tanto se pode dizer...Nos dias de hoje não será o amor descartavél?!já ninguem vive um amor puro e gratuito.Por uma questão prática as pessoas juntam-se,fica mais barato e dividem as contas,ou por medo de ficarem sós.A vida mata o amor...vem a solidão e dá o golpe final...A sociedade em que vivemos leva as pessoas à solidão,por variadas razões(carreira,sucesso,etc).O tempo passa e quando se olha para o nosso "eu" estamos sós,onde estão os amigos? a familia?...Solidão cruel que nos corrói,que mata...

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