quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Solidão, Amor e Sexo

Três temas que me são particularmente queridos. O mote fui eu que lancei mas foram as seguidoras que vêem agora exigir-me mais.Sim,porque eu já tenho três seguidoras e ao que parece de um nível intelectual e cultural que ultrapassou em muito as minhas espectativas inicias.
À cerca da solidão seriam necessários mil blog's para tratar deste assunto e mesmo assim sem o esgotar. As palavras que poderiam ser ditas seriam tantas como os grãos de areia do deserto da paisagem da foto em baixo. Por natureza eu já nasci solitário. O conflito social permanente na minha infância e adolescência,oriundo do confronto entre o mundo de privilégios em que fui criado em oposição ao horror gritante das injustiças sociais que insistia em desfilar diante dos meus olhos,afastou-me literalmente daquele empurrando-me para o meio da solidão deste.
-"Lá está ele a chorar de barriga cheia!"- parece-me ouvi-las dizer. É um facto. O mundo das barracas com os míudos porcos e andrajosos á porta a brincarem ao seu jogo preferido (o da caridade),bem como as familias destruídas por ódios e traições, ou a angustia de conviver com um parente próximo na agonia da morte,tudo isto quis o destino que me passasse ao largo. Antes pelo contrário, fui muito amado pela familia e não só e nunca conheci uma verdadeira privação na vida. Por fora o meu rosto ostentava permanentemente um rasgado sorriso apenas atraiçoado pela melancolia que emanava dos meus olhos, verdadeiras janelas escancaradas para o interior do meu EU solitário. Tive o privilegio ao longo da vida de aprofundar algumas amizades verdadeiras e incondicionais, mas infelizmente o decurso dessa mesma vida foi-me as roubando através de uma coinsidência de mortes prematuras,acabando por me deixar reduzido a um escasso numero de três,provavelmente as mesmas que agora me dão o privilegio de serem as primeiras seguidoras deste blog. A minha arrogância ou quem sabe melagomania mantinha-me a pairar no meu mundo interior,impedindo constantemente que os "outros" se aproximassem demais com medo da desilusão e do sofrimento que destruiriam o meu pequeno coração enclausurado neste grande corpo de pseudo cavaleiro andante.
Foi a meio do caminho que encontrei à beira da estrada olhares profundos e aflitos que suplicavam afectos e compreensão. Até ali tinham-me sido indiferentes, dejectos da sociedade que obrigavam o meu olhar a virar-se para o outro lado para não se cruzar com aqueles acusadores que despertavam em mim a vergonha do nada fazer. Agigantei-me e estendi a mão.Uma onda de sentimentos díspares e confusos envolveu-me por completo,transformando-me num deles. Vivi então fomes e misérias. Conheci ódios e desprezos sofri com o beijo que o filho não recebeu da Mãe e com o abraço que o Pai não soube dar. Com eles dormi no hotel de 1 milhão de estrelas,nas arcadas do Martim Moniz e nos contentores de Santa Apolónia,no meio de uma promiscuidade de cartões velhos transformados em calorosas camas.Desci ás profundezas do Casal Ventoso e confraternizei com os habitantes do submundo que viviam em frágeis tendas feitas de sacos de lixo encostadas ao felizmente já desaparecido "muro das lamentações". Ali conheci o ódio e mentira. O roubo e violência. A prostituição do corpo e do eu. Tudo em troca de umas poucas gramas do Pó Maldito que ao percorrer-lhes as veias lhes aconchegaria a alma, preenchendo o vazio do tal beijo e abraço que não chegaram a ser dados.Mas...encontrei também uma outra realidade que até então desconhecia por completo:-A dependência de afectividade.Esta não se saciava nem com caridadezinhas nem com vulontariedades ostensivas mas sim com uma simples troca de AMOR.
Amor! Palavra que já aqui alguém disse não acreditar a não ser nas suas formas mais intimas de relações pessoais ou familiares.Mas não é desse amor que eu quero agora aqui falar. Quero sim falar daquele amor incondicional que se dá a quem quase não se conhece sem esperar nada em troca,tal como o naufrago que lança uma garrafa ao mar com a certeza que se perderá nas ondas sem nunca alcançar destino algum.Amor que é uma força energética que nos projecta para o outro,sem olhar a quem,como a electricidade que não pode deixar de correr do pólo positivo para o negativo.Energia esta que faz com que a multidão amorfa da maioria que é constantemente espezinhada pela minoria oligarquica, que desde que o mundo é mundo,vem controlando os destinos dos outros apenas pela ânsia do poder pelo poder.
Iniciei este texto pela palavra solidão,evolui para a palavra amor e escorreguei para a palavra poder!...Parece-me que este desvio acabou por me afastar definitivamente do 3º tema a que me tinha proposto.O espaço é limitado e a paciência de quem me lê provavelmente também.Amanhã sem falta mesmo contra todos os possíveis comentários que ai possam vir,podem ter a certeza que abordarei este tão melindroso tema. por ora resta-me apenas terminar com uma singela frase que alguém disse acerca do amor: "o amor vence tudo menos a ausência do mesmo".

4 comentários:

  1. O grande barato da vida é olhar pra trás e sentir orgulho da sua história.
    O grande lance é viver cada momento como se a receita da felicidade fosse o Aqui e Agora!
    Claro que a vida prega peças. É lógico que, por vezes, o bolo sola, o pneu fura, chove demais.
    Mas... pensa só: tem graça viver sem rir de gargalhar pelo menos uma vez ao dia?
    Às vezes se espera demais das pessoas... Normal!
    A grana que não veio, o amigo que decepcionou, o amor que acabou... Normal!
    Todos nós devemos transformar tudo em uma boa experiência.
    O nosso desejo não se realizou?
    Beleza, não tava na hora, não deveria ser a melhor coisa pra esse momento!
    Apesar que me lembro de uma frase que dizia:
    Cuidado com seus desejos, eles podem se tornar realidade.
    Mais tudo bem.
    Chorar de dor, de solidão, de tristeza, faz parte do ser humano. Não adianta lutar contra isso.
    Acredito que ou nos conformamos com a falta de algumas coisas, ou nos esforçamos para realizar todas as nossas loucuras... se eu fosse você... ficaria com a última.
    Mas seja forte o suficiente para enfrentar os obstáculos.
    Paciente para saber esperar o resultado!
    É capaz de reconhecer, no final de tudo, seu esforço e ver que ele não foi em vão.
    No final de cada jornada (a vida é cheia delas) olhe pra trás e enxergue uma vida maravilhosa, cheia de alegrias, viagens, sorrisos, amores, paixões, beijos, abraços, amigos, realizações e conquistas.
    Tenha inúmeros bons momentos dos quais relembrar; veja o pôr do sol e o seu nascer; tenha também momentos difíceis (eles nos ensinam a crescer).
    Tenha noites de insônia, daquelas que acabam virando momentos refletores da nossa vida.
    Tenha noites de poucas horas de sono, por causa daquela tão esperada balada.
    Ao olhar pra trás veja que cometeu loucuras em certos momentos, mas que também agiu com consciência em outros.
    A vida precisa de um pouco de equilíbrio.
    Chore quando for preciso desabafar aquela agonia incontrolável.
    Se sinta cansado, exausto de tanto pular, gritar, dançar e cantar...
    E que no fim da noite você pense: VALEU A PENA!

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  2. Anónimo obrigado pelo belo poema.Se algum dia voltares a esta blague usa um nome qualquer para nós sabermos quem és.

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  3. que bonitos os sentires escritos tanto do CPA quanto deste nosso amigo que quer ser anónimo mas nem por isso menos bem vindo a este espaço de "desabafos". A expressão dos sentimentos que a vivência de uma vida com altos e baixos, com alegrias, amores e desamores, acompanhada ou solitária, não é fácil de descrever, principalmente para quem não é escritor(mesmo que o mais analfabeto dos escritores, como diz CPA) ou poeta ou simplesmente tem o dom do uso da palavra escrita com clareza e de forma objectiva e clara.Mas estou gostando bastante de poder ter estes momentos de convivio, meio virtual meio real. Vamos continuar e cada dia será melhor que o outro e vamos estar mais acompanhados na suposta solidão(afinal esse era o tema inicial desta conversa). Pelo menos eu sinto que assim será...

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  4. vou estar uns dias sem poder participar nestes encontros-já me vou habituando-mas logo que o meu PC esteja OK voltarei e atualizarei nossas conversas.

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